sábado, 26 de fevereiro de 2011

Sentimentos Incontrolados

Voltando um pouco mais ao tema desse blog, resolvi escrever algo relacionado aos sentimentos, especialmente os "não-controlados". Acho que nada melhor pra descrever isso, do que minha própria história.
A adolescência não é a fase mais fácil e todo mundo sabe disso, mas também não tem que ser a pior. Eu posso dizer que tive uma ótima adolescência, mesmo com muitos altos e baixos. E gostaria de falar um pouco sobre um dos baixos que experimentei, e quão baixo hein.
Numa bela noite de verão em 2002, eu me apaixonei. Meus olhos brilharam, o coração bateu mais forte e senti aquele friozinho no estômago, quando vi aquele moço lindo no meio da multidão. Foi do nada que ele apareceu, e chamou muito minha atenção. Não paráva de olhá-lo, e para minha surpresa, um amigo meu o conhecia.
À partir daí, consegui me aproximar dele, saíamos juntos com nossos amigos em comum, e buscava encontrá-lo nos lugares que ele estaria. Comecei a fazer de tudo pra ele me notar, buscava chamar sua atenção, qualquer coisa pra ele perceber meu interesse por ele. Foi aí que não percebi o quanto minhas atitudes já estavam por estúpidas demais. A paixão, é algo muito perigoso - você gosta tanto da pessoa, que não pensa em mais nada, não fala em outra coisa, não come, não bebe, nem dorme direito. Você faz coisas absurdas, loucas, que acaba se arrependendo mais tarde.
Eu estava tão apaixonada, que comecei a manipular situações e até mesmo pessoas - tudo pra ficar com ele. Estava tão obsecada, que praticamente forcei nossa relação, que é claro não durou nada. Nunca daria certo - manipulação, obsessão e egoísmo não são a base certa para um relacionamento duradouro. Em poucas semanas já tinha acabado tudo entre nós, porém eu não aceitava. Continuei insistindo, escrevendo cartas desesperadas de amor na espera de que ele me aceitaria de volta. Tudo em vão.
Mas não consegui aceitar assim tão fácil. Demorei muito tempo pra entender que ele não me queria, que isso não daria em nada. Passei meses pensando nele, chorava todos os dias, não podia escutar seu nome, mal comia ou dormia. Praticamente entrei em depressão - isso só eu sei. Me sentia muito triste, baixo auto-estima, até meu cabelo começou a cair. Horrível chegar nesse ponto - mas infelizmente foi assim.
Na verdade essa foi a única vez que sofri tanto por um amor não correspondido. Levei muito tempo pra entender o porquê de tanto sofrimento - que na verdade não teve a ver só com a questão de não ser correspondida. A razão maior de eu sofrer da maneira que sofri, foi por eu nunca ter tido o controle dos meus sentimentos. Minhas emoções dominavam minhas atitudes. Eu só fui aprender isso anos mais tarde. Se no início, eu soubesse esperar, pensar nas consecuências das minhas atitudes, eu não teria manipulado as coisas pra poder ficar com ele. Nem teria sido obsessiva ou egoísta. Aliás, não me deixaria dominar pela paixão, que nos leva a cometer loucuras.
Anos depois eu vi essa pessoa novamente, e para a minha surpresa, quase não o reconheci. Era como se ele fosse outra pessoa - ou que na verdade, àquele por quem eu me apaixonara fosse outro, alguém que eu criei dentro da minha cabeça, um príncipe encantado que inventei na minha mente, mas que na verdade nunca existiu.
Hoje eu olho pra trás e dou risada das loucuras que fiz por causa dessa paixão adolescente. Vejo como fui boba e como sofri por me deixar levar por meus sentimentos, ao invés de controlá-los e entender que não precisava passar por tudo isso. Se eu apenas aceitasse que não era correspondida e respeitasse os sentimentos do outro, nada disso teria acontecido. Infelizmente, só fui aprender isso tempos mais tarde. 
Nem todo mundo sofreu por um amor assim, mas cada um já passou por alguma situação parecida, onde sofreu sérias consecuências por não saber controlar os próprios sentimentos. Às vezes esse descontrole leva à obsessão, outras vezes ao ciúme, falta de paciência ou mentira. Há muitas atitudes que podem revelar nosso descontrole, mas pra mim a melhor maneira de reconhecer quando não estou agindo corretamente, é comparar minhas atitudes com o que Paulo descreve sosbre o amor em 1Coríntios 13, principalmente dos versos 4 ao 7:
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não se ressente do mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
Finalmente, eu aprendi a controlar meus sentimentos, dominar minhas emoções e não me deixar levar por elas. Entendi que podia esperar o tempo certo pra me relacionar, que podia respeitar os sentimentos dos outros e que o amor era a melhor base pra uma relação. A paixão não espera, não respeita, não se doa. Ela é apressada, manipuladora, interesseira e ciumenta. 
Hoje eu posso desfrutar do que é controlar os sentimentos. Tenho uma relação linda com meu esposo, na qual juntos aprendemos a vivenciar as palavras de Paulo sobre o amor. Durante nossa amizade e noivado, soubemos esperar, ser pacientes, e principalmente respeitar um ao outro. E agora, casados há 4 anos e com um filho lindo, continuamos a usufruir dessa importante lição que aprendemos juntos e que vamos levar conosco pro resto das nossas vidas.

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